O Brasil é alvo mais frequente e tem custo maior para lidar com fraudes eletrônicas do que outras grandes economias da América Latina. É o que aponta uma pesquisa da empresa americana de gerenciamento de riscos LexisNexis feita com tomadores de decisão no próprio Brasil além e México, Argentina, Colômbia e Chile.
Segundo o levantamento, o custo de cada operação fraudulenta para as empresas de comércio e as de serviços financeiros no Brasil é 3,44 vezes a quantia do valor perdido na transação – acima dos outros países avaliados (3,39 no México, 3,27 na Argentina, 3,21 na Colômbia e 3,34 no Chile).
Além disso, a pesquisa indica que o custo em relação às receitas é também superior no país. Enquanto no Brasil esse custo representa 2,47% do faturamento, é de 1,75% no México, 1,59% na Argentina, 1,41% na Colômbia e 1,97% no Chile.
O quadro também aponta para uma quantidade maior de fraudes bem sucedidas por mês – 579, e para um valor médio, de R$ 2,6 mil, igualmente maior do que nos demais países analisados. E, ainda, uma em cada três tentativas de operações fraudulentas é bem sucedida todo mês.
Quando considerado o custo das fraudes para os serviços financeiros, mesmo levando-se em conta que essa é uma base de comparação menor, com menor volume de ocorrências, ele também é mais alto no Brasil (4,36 vezes o valor nominal da operação perdida) do que no México (3,80 vezes) e nos Estados Unidos (2,92 vezes).
A pesquisa sugere que os dados estão diretamente relacionados a um uso mais intensivo de operações online, especialmente por meio de dispositivos móveis. “Cada vez mais, os fraudadores têm como alvo os aplicativos móveis em nível global impulsionados, em parte, pela inundação de cliques e ataques de botnets, com os aplicativos de compras, de jogos e financeiros sendo os mais atingidos”, aponta o estudo.
O custo das fraudes é maior para quem oferece comércio via dispositivos móveis e vende produtos e serviços digitais. O custo de cada operação fraudulenta nesses casos no Brasil é 3,58 vezes a quantia do valor perdido na transação, somando custos de fraudes que representam 2,56% da receita anual. “Mas o risco dos canais móveis tende a ser uma contrapartida aceita para se permanecer competitivo, proporcionando conveniência e melhorando a experiência do cliente”, completa a pesquisa.
Outro ponto atribuído às fraudes é a dificuldade em confirmar quem é que está fazendo determinada operação. “A verificação de identidade do cliente é o principal problema de fraude para os canais online e móveis”, diz ainda o estudo, apontando para uma questão muito ligada ao Brasil que são as fraudes envolvendo CPF.
“Essa questão não é exclusiva ao Brasil, mas há um facilitador no país: um código exclusivo de identificação de contribuinte de 11 dígitos para os brasileiros, o Cadastro de Pessoas Físicas – CPF. No passado, apenas empresas de serviços financeiros podiam solicitar essa informação que, mais recentemente, passou a ser solicitada com frequência para identificar clientes realizando compras em plataformas online e móveis. Muitas foram roubadas e vendidas na dark web para abrir contas bancárias falsas e/ou fazer compras fraudulentas.”
FONTE: Convergência Digital